sexta-feira, 25 de março de 2016

Resiliência para tempos difíceis


O tema de hoje surge porque nem sempre precisamos viver determinada situação para que ela faça parte da nossa vida, e soframos com ela. Porque a exposição indirecta a situações traumáticas pode ser efectivamente traumatizante. E porque acredito que podemos escolher fazer de todos os momentos, momentos de aprendizagem... Mesmo (principalmente?) estes momentos que vivemos actualmente. Partilho, então, convosco algumas sugestões da Associação Americana de Psicologia que procuram ajudar a criar resiliência para lidar com a exposição indirecta a situações de terror.
  
Os actos de terrorismo são propositadamente concebidos para assustar as pessoas e fazê-las temer pela segurança das suas comunidades e dos seus entes queridos. Os incidentes são aleatórios, imprevisíveis, intencionais e têm frequentemente como alvo indivíduos indefesos. Quando estes eventos ocorrem, é habitual poder sentir-se ansioso e preocupado com o futuro.
Tomar medidas para desenvolver a resiliência – a capacidade de nos adaptarmos adequadamente a mudanças e situações inesperadas – pode ajudar as pessoas a gerir a angústia e a incerteza. Muitas dessas medidas são ingredientes essenciais para um estilo de vida saudável, e adoptá-las pode melhorar de uma forma geral o seu bem-estar físico e emocional. Assim, após eventos traumáticos, é importante aproximar-se dos outros e desenvolver empatia. Pode também ser uma oportunidade para aprender mais – descobrir o que mais o assusta e depois obter informações acerca deste tipo de situações – e agir mais – usar a informação para se preparar para o futuro, fazer planos para dar resposta e participar activamente na comunidade.

Para Promover a Resiliência…
Faça uma pausa das notícias. Assistir às infindáveis reportagens sobre o ataque pode aumentar ainda mais o seu stress. Ainda que queira manter-se informado – especialmente se tiver entes queridos afectados pelos acontecimentos – faça uma pausa nos noticiários. Procure ser particularmente sensível à exposição das suas crianças, e esteja preparado para responder a questões que elas tenham acerca de como ou por que estes eventos aconteceram.
Ponha as coisas em perspectiva. Apesar de os acontecimentos trágicos acontecerem, eles são relativamente raros. Lembre-se que os órgãos e organizações governamentais têm planos definidos para evitar ataques e manter a segurança nacional. Coisas más podem acontecer, mas é importante apreciar as muitas coisas que são fonte positiva de bem-estar e força.
Tenha um plano. Ter um plano de emergência irá proporcionar-lhe uma maior sensação de controlo e fazê-lo sentir-se preparado para o inesperado. Estabeleça um plano claro de como você, a sua família e amigos irão agir e contactar-se em caso de crise, e para quem deverão ligar em caso de emergência (ou mesmo especificar um local onde se encontrarem se não conseguirem entrar em contacto com ninguém por telefone).
Mantenha-se ligado. Manter as redes e actividades sociais, tanto pessoalmente como por via electrónica, pode garantir uma sensação de normalidade, e proporcionar valiosos momentos de escape para partilhar sentimentos e aliviar o stress. Aceitar ajuda e suporte daqueles que se preocupam consigo e que irão ouvi-lo pode fortalecer a sua resiliência.

Construir a sua resiliência pode ser uma parte importante para se preparar para o inesperado, uma vez que é uma ferramenta psicológica que nos pode ajudar a lidar com a ansiedade e o medo. Se se sente bloqueado, “sem saída”, ou sobrecarregado e incapaz de usar as dicas listadas acima, considere a possibilidade de falar com alguém que o possa ajudar, como um psicólogo ou outro profissional de saúde mental. Recorrer a alguém para orientação pode ajudá-lo a fortalecer a sua resiliência e a perseverar em tempos difíceis.

Texto traduzido e adaptado a partir do original “Building resilience to manage indirect exposure to terror”, disponível em http://www.apa.org/helpcenter/terror-exposure.aspx


Ana Luísa Oliveira escreve de acordo com a antiga ortografia.

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